50 anos da cultura hip-hop: Glocal Experience apresenta show ‘Rap Amazônia’
O primeiro dia de Glocal Experience Amazônia foi marcado por encontros de grandes potências espalhadas em uma programação extensa e diversa que ocupou espaços do Centro Histórico de Manaus, como o Largo São Sebastião, Teatro Amazonas, Hotel Juma Ópera e o Centro Cultural Palácio da Justiça.
Foi no Largo São Sebastião que o espetáculo ‘Rap Amazônia’ se desenvolveu, ao lado do Teatro Amazonas. De maneira inédita, um dos maiores pontos turísticos do Estado recebeu Anna Suav, Cronixta, Karen Francis, Kurt Sutil, Rafa Militão e Victor Xamã para uma apresentação que contou com a direção artística da produtora e cantora Elisa Maia.
Em entrevista, ela conta sobre a satisfação e a honra que foi entregar para o público e para o legado da Glocal Experience esse encontro musical. “É fundamental que produções que venham de fora do Estado incluam o rap, principalmente neste momento em que a Amazônia está tendo uma visibilidade imensa em relação a importância dela pro mundo, esse bioma tão fundamental pra vida da humanidade”, iniciou Elisa.
Foto: Divulgação/Fundação Rede Amazônia
A escolha do estilo musical pauta uma Amazônia que também é urbana e que possui destaque nesse cenário, sem dever nada para outros eixos urbanos, evidenciando e estabelecendo um protagonismo na música brasileira feita na parte de cima do mapa.
“É um estilo representa artistas negros, pessoas periféricas, mulheres (…) A emergência e a urgência contida na narrativa desses artistas escalados importa, simboliza e representa o que a gente é nesse lugar. Ainda é um recorte muito pequeno do que é Amazônia, já que só tínhamos Amazonas e Pará representados nesta mostra, mas representou a diversidade de estilos de cada um”, pontuou.
Singular e diverso
Cada uma e cada um dos artistas escolhidos para compor o palco possuem características amplas e únicas relacionados ao seu trabalho, que compreende também suas histórias. Para condensar toda essa complexidade num só palco, a profissional conta sobre a importância de compreender para reunir tais potências.
“O rap do Cronixta flerta fortemente com a guitarrada, que respeita os mestres populares paraenses; Karen Francis não é exatamente uma artista do rap mas dialoga muito com outros artistas do rap e além de ter nascido em Maués tem uma mãe moçambicana, traz uma identidade africana não só pela família mas pela sua referência afro brasileira e periférica na Amazônia; Já a Rafa Militão traz sua vivência como DJ com uma vibe de baile; Anna Suav tem uma pegada poética e de denúncia com sensibilidade em seu rap”, enumerou a diretora artística do palco, que aproveitou também para falar sobre a função.
“A direção artística é muito mais que produção executiva em si, como artista e como venho fazendo esse trabalho no Festival Até o Tucupi, atuando como curadora, de certa forma é trazer uma vivência de quem já vem reunindo outros artistas e pensando coletivamente ocupação de palcos… tem uma sensibilidade nisso, pensar como as histórias desses artistas se costuram para entregar uma experiência de potência, uma narrativa positiva de afirmação da identidade amazônica pro público”, pontuou.
Compromisso em Equidade
A produtora artística também declarou o aspecto de equidade de gênero proposta pelo espetáculo, aprofundando um aspecto historicamente presente na cultura hip-hop, que muitas vezes possibilita em exclusividade o acesso à cultura de rua, acompanhando uma lógica social que não inclui mulheres.
A Glocal Experience dialoga através da arte e do palco Rap Amazônia este fator. “Era um time muito poderoso, de artistas que estão ganhando visibilidade e que estavam ali igualmente dividido entre homens e mulheres, pensando em equidade, com a proposta de tirar uma espécie de hierarquia desse lugar e colocar homens e mulheres em igualdade de potência e entrega”, para Elisa outro fator interessante para a construção do palco foi manter a excelência musical e acompanhar as características do Hip-Hop, uma cultura que completa em 2023 a marca de 50 anos de existência.
“Colocamos o DJ como maestro, o LF estava junto com a gente ele é um DJ experiente que já acompanha todos esses artistas que estavam lá ou pelo menos a maioria, pensamos a construção de um show que respeitasse a cultura hip-hop em si”, finalizou Elisa sem deixar de mencionar também a contribuição de músicos como o violonista Neil Armstrong Júnior e do baterista Matheus Simões, unindo dois instrumentistas que juntos com instrumentos e corda e de percussão oferecem uma experiência sonora que possibilita experimentações com ritmos regionais.
Fotos: Divulgação/Fundação Rede Amazônia
Sobre a Glocal Experience Amazônia
A Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O evento retornará à capital carioca no período de 5 a 8 de outubro. Este encontro deverá ser anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia, a exemplo de Boa Vista (RR), que já recebeu uma mini edição do encontro. Em Manaus, terá 70 horas de conteúdo gratuito e sua programação completa está disponível no site do evento.
A Glocal Experience Amazônia tem o apoio do Governo do Amazonas, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Secretaria do Meio Ambiente, Navegam e Parque Mosaico; idealização e operação Dream Factory; e realização Fundação Rede Amazônica.