Festival de Teatro da Amazônia ganha identidade pelos traços de Auá Mendes
O Festival de Teatro da Amazônia (FTA), que acontece de 7 a 15 de outubro, apresenta a identidade visual da 17ª edição com assinatura da artista amazonense Auá Mendes, que atua como designer gráfica, ilustradora 2D, muralista e graffiti artist.
Auá destaca que se inspirou no livro “Futuro Ancestral”, de Ailton Krenak, para criar os elementos a partir da cultura indígena, ribeirinha e negra. A artista conta que construiu a imagem de personagens e pontos que, de certo modo, falam muito sobre Manaus, numa reflexão sobre o futuro ancestral.
“Eu tirei do livro a frase ‘Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui’ e esse foi o guia de direcionamento”, comenta a designer.
”Quero trazer esse direcionamento de raízes, entendendo que a ancestralidade é o guia para o futuro. Essa conexão dos rios, do território, são guias direcionais do pensamento sobre a importância e a necessidade do Festival de Teatro da Amazônia”, acrescenta Auá Mendes.
O presidente da Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), Cleber Ferreira, explica que, este ano, a Fetam vem com personagens para expressar a cara da Amazônia, entre eles artistas 60+ que fazem teatro no Amazonas e estão há muito tempo no cenário cultural. Segundo ele, a trajetória de Auá Mendes é inspiradora e a proposta é que a identidade visual do festival represente toda essa força e diversidade que existe na região.
“A identidade do FTA traz um dos maiores símbolos do teatro brasileiro, com a representação da cúpula do Teatro Amazonas e a interculturalidade dos povos que vivem hoje na Amazônia, através das personagens que trazem os e as artistas que fazem parte dos povos indígenas, que são negras e negros, brancos, jovens, adultos, que tem mais de 60 anos e nos honram em cena. Isso tudo está representado no trabalho de Auá”, pontua Cleber Ferreira.
Artista
Amazonense radicada em São Paulo há três anos, Auá Mendes integra a equipe do Museu das Culturas Indígenas, na capital paulista.
“O que eu levo do Amazonas para os meus trabalhos é a minha essência, que se construiu na minha infância, na minha adolescência e no início da minha fase adulta. A minha essência é muito presente nesse território, a maioria dos meus trabalhos reflete muito sobre a minha vida em Manaus”, afirma Auá.
“Posso dizer como essência, que me faz pulsar e criar é o que eu levo do Amazonas para fora, inclusive pelo mundo, em obras minhas que chegaram ao Chile, Nova York e Alemanha”, declara a artista.
O portfólio é extenso, a artista, neste ano, participou da 1ª Bienal das Amazônias e fez a primeira empena da cidade de Belém, no Pará, de mais de 20 metros de altura com a obra “Ixé Maku: Eu Ancestral”; Festival de Graffitti Vida Nos Muros, no Paraná; além da 6° Edição do Jacubi Festival de Graffitti. Em 2022, foi contemplada pelo edital MAR, da Secretaria Municipal do Estado de São Paulo, e fez sua primeira empena de mais de 30 metros de altura, com a obra “Ãgawara-itá mukaturú; As encantadas protegem”.
Auá participou da campanha da Natura #TransbordeAmazônia para o Rock in Rio; da Hersheys, sobre sororidade, a convite do Plano Feminino; da Super G, da Google Brasil sobre empregabilidade trans e travesti; do Empreendedorismo Feminino, a convite da Nubank e do Sistema B, da Feira Preta.
Entre as exposições estão a Coletiva Jaguar Parade, a convite da Nike; Coletiva Edição Mata Atlântica Big Heart Parede, pela Top Trends; 18° Edição da Bienal de São Paulo, com o Coletivo Trovoa; e a 7° Edição do Fábrica de Graffitti Rio Claro. Em 2019, lançou uma exposição individual na Galeria do Largo.
Em 2020, a artista fez parte da equipe de júri do evento Feminists Generation Movements and Moments de História em Quadrinho, realizado pelo Instituto Goeth Indonésia, e, no mesmo ano, participou de exposição internacional coletiva Fúria Tropical, realizada pelo Instituto Oyoun Berlin.
A artista já foi convidada pela World Wide Fund for Nature (WWF) para exposição coletiva do Dia da Terra e pela Marsha Coletividade Trans de SP para exposição coletiva em Centro Cultural de São Paulo.
FTA
O Festival de Teatro da Amazônia é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, via Ministério da Cultura, apresentado pela Nubank é organizado pela Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), com apoio da Weg e do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
O Festival de Teatro da Amazônia traz 30 espetáculos na programação deste ano, são 15 na mostra Jurupari, 10 na mostra Ednelza Sahdo e cinco obras convidadas, além de concurso de dramaturgia, rodas de conversa, oficinas, vivências na periferia e projeto de mediação.
Até segunda-feira (25 /09), os editais de seleção dos espetáculos para a mostra competitiva Jurupari e mostra não competitiva Ednelza Sahdo estão disponíveis no link https://linktr.ee/FETAM.
A estimativa é receber mais de 200 inscrições, de diferentes regiões do Brasil, especialmente coletivos e artistas da Amazônia. O resultado vai ser divulgado no site da Fetam (www.fetam.com.br), no dia 29 de setembro.